A Bíblia
sem preconceitos é um
pequeno livro com 60 páginas escrito por Marcos Gladstone, o fundador da Igreja
Cristã Contemporânea em 10/09/2006. Ele é casado com Fábio Inácio e, segundo
consta no seu livro, eles foram os dois primeiros pastores evangélicos a
realizarem uma cerimônia de casamento homo afetivo da América Latina. No livro,
ele afirma ser membro do Conselho Federal de Teólogos do Brasil. É Pós-
graduado em Teologia pelo Centro Universitário Metodista Bennet do RJ. Ele se
esmerilha no intuito de mostrar que a Bíblia não condena e nem proíbe a
homossexualidade.
Assim como o autor do
livro a Bíblia sem preconceitos tentou mostrar os erros da interpretação
bíblica contra a homossexualidade, eu procurarei mostrar os pontos obscuros ou
incoerentes dos seus argumentos apresentados em seu livro. Ele se posiciona
contra a tradicional exegese apresentada pela qual a homossexualidade não é
aceita no círculo cristão. Verificarei então se sua análise do texto bíblico, procede ou não de
acordo com a verdade do texto. No final do tema sobre Davi e Jônatas, coloquei algumas considerações sobre as palavras de Fábio que, segundo o livro, é casado com Marcos
Estou colocando em xeque a exegese proposta por Glastone em seu livro "A
Bíblia sem preconceitos" (BSP), e a sua maneira de entender os textos que
não aprovam a prática homossexual, como constam na Bíblia Sagrada. Esse é o
foco aqui!
Embora a palavra "homossexual"
não existisse nos tempos em que a Bíblia foi escrita, isso não anula o cerne da
questão, uma vez que tinham outras palavras equivalentes.
Afinal, a Bíblia condena ou não a prática
do homossexualismo? Onde isso está escrito? Não há preconceito na Bíblia Sagrada, as Bíblias usadas pelos cristãos, não são preconceituosas. O que Marcos está querendo dizer é que a interpretação que fazemos da Bíblia na questão da prática da homossexualidade é preconceituosa. Mas ele está muito equivocado sobre isso.
A Bíblia é taxativa e clara, tanto no AT
como no NT:
“Não te deitarás com um homem como se fosse uma mulher. Isto é
abominação... Se um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos
praticaram coisa abominável. Devem ser mortos. Seu sangue cairá sobre
eles” (Lev. 18:22, 20:13).
Mesmo antes da da lei ser colocada em
palavras escritas a maioria dos estudiosos acreditam que entre as práticas
abomináveis que culminaram na destruição de Sodoma e Gomorra
(cidades circunvizinhas) foi a prática do homossexualismo (Gen. 19).
“Por isso, Deus entregou tais homens à imundície, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem seus corpos entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e adoraram e
serviram a criatura mais do que o Criador, o qual é bendito eternamente. Amém. Por essa razão Deus os entregou a paixões infames. Pois até mesmo as mulheres mudaram o modo
natural pelo que é contra a natureza. Do mesmo modo os homens, deixando o
contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, homens
com homens cometendo o que é torpe, e recebendo em si mesmos a penalidade
devida pelo seu erro. E por haverem desprezado o conhecimento de
Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para
praticarem coisas inconvenientes... os quais, sabendo do justo juízo de Deus,
de que aqueles que praticam tais coisas são passíveis de morte, não somente as
fazem, mas também aprovam os que as praticam” (Rom. 1:24-28,32).
“Não sabeis que os injustos não herdarão o
reino de Deus? Não vos enganeis. Nem fornicadores, nem idólatras, nem
adúlteros, nem homossexuais , nem somoditas , nem ladrões, avarentos, nem bêbados, nem
maldizentes, nem roubadores herdarão
o reino de Deus” (1 Cor.
6:9-10).
Claro que Gladstone e muitos outros como a
conhecida missionária Lanna Holder, conhecem de có tais textos. Então o que há
de errado? Por que eles não respeitam o que está escrito e, pelo menos se
esforçam para permanecerem nesse estilo de vida cristã? Se perguntarmos para
eles, claro que apresentarão as suas razões. Se elas se justificam ou não é
outra questão. Bem, pelo menos o livro "A Bíblia sem preconceitos"
(BSP), tem a intenção de justificar as razões.
Eu li o livro e, claro, até então não
achei viável concordar com a proposta do autor e também apresento, mesmo que de
forma singela mas transparente as minhas razões. Infelizmente não tenho tido o
tempo que queria para me deter totalmente sobre o assunto, mas sempre que posso
acrescento minhas considerações.
Davi e
Jônatas, grande exemplo de amizade
O escritor
do livro “A Bíblia sem preconceitos” tenta fazer de Davi e Jônatas homossexuais,
tomando como base o texto de 2 Samuel 1:26, que diz “Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras
amabilíssimo para comigo! Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres.”
(ARA).
Nem Davi e nem Jônatas eram homossexuais e não devem ser
vistos como homossexuais por causa desse
versículo, pretensiosamente e equivocadamente citado pelo escritor.
Davi foi homem de Deus (Atos 13:22). Por favor leia o capítulo 17 do livro de 1 Samuel,
no Antigo testamento, depois veja se existe algum traço de homossexualidade em
Davi. Mas vamos ver o que o livro diz a este respeito.
Fiquei pasmo ao ler as palavras do escritor do livro A Bíblia sem preconceitos dizendo “Além disso, o
relacionamento íntimo entre dois homens expressava em algumas daquelas
sociedades, um elevado grau de nobreza e honradez”. (Páginas 15 e 16). Ser homossexual, nos dizeres do
escritor, era ser chique. E segue tentando convencer aos seus leitores
de que o “amor” do qual Davi fala que sente por Jônatas, não é um simples amor
fraterno, acentuando forte laço de amizade.
Peço um pouco de paciência para que você leia com atenção o que eu escrevi a
seguir para examinar com cuidado as citações e as comparações textuais.
Analisando o texto de 2 Samuel 1:26.
“Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras
amabilíssimo para comigo! Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres.”
(ARA).
Antes de
analisarmos o texto em questão, é bom entendermos o significado da palavra
"amor" no texto hebraico e suas 3 formas (Eros, Philos e Ágape) como
constam no grego da versão Septuaginta.
Amor em
hebraico
A palavra “amar”, “gostar”, “apaixonar-se” ou “ser
amável” em hebraco é אַהֲבַ (‘ãheb) que, segundo o Pequeno Dicionário de Línguas
Bíblicas ( P. 50), ocorre 205 vezes. É desta palavra que deriva a que está no
texto de 2 Samuel 1:26 (ahãbã = amor) e nos textos a seguir citados como
exemplos, em que ela também ocorre.
אַהֲבַת
(ahãbã = amor) é a palavra hebraica traduzida por amor no texto de 2 Samuel
1:26. É um substantivo feminino. É uma palavra que descreve o amor do marido
pela esposa (Gn. 29:20), o amor de Deus por seu povo (Dt 7:8; 2Cr. 2:11 etc) e
também foi usado para descrever o amor de Jônatas por Davi (1 Sm 18:3; 20:17; 2
Samuel 1:26).
Como a
palavra אַהֲבַת (ahãbã = amor) é usada para descrever o amor de Deus por seu
povo, isso significa que é um tipo de amor diferente do que um homem sente por
uma mulher. Significa também que o seu uso no texto de 2 Samuel 1:26, não deve
ser referir a amor homossexual e para tirarmos as dúvidas irei mostrar os
textos citados nas versões hebraica e grega e em português para que você possa
constatar por si próprio que o argumento de Gladstone não se sustenta,
comparando um texto com o outro.
Se não tivesse
possibilidade de variantes, não poderia ter outra conotação a não ser sexual,
logo, não poderia ser usado em relação a Deus e seu povo.
Analisando outros textos onde a palavra hebraica אַהֲבַת (ahãbã = amor) ocorre, veremos porque não nos é permitido compactuar com tal afirmação, mas antes vejamos na Septuaginta como se escreve amor em grego. Depois você entenderá porque o escritor de A Bíblia sem preconceitos errou e de forma intencional.
Amor em
grego - Septuaginta.
A
Septuaginta é uma versão muito antiga, na verdade a primeira versão da Bíblia
de que se tem conhecimento, elaborada em cerca de 250 A.C. por mestres hebreus
na antiga Alexandria egípcia e que foi usada por Jesus, os apóstolos e pelos
primeiros mestres da igreja. Ela existe ainda em nossos dias, e por ela temos a
possibilidade de compararmos as passagens citadas acima destacadas em vermelho
e constatarmos que nem sempre a palavra hebraica se refere apenas a amor entre
homem e mulher, mas ao amor de Deus pelo seu povo ou ao amor fraterno, pela
variação do verbo amar no grego. Se não existisse essa diferenciação em uma
fonte tão antiga e confiável, provavelmente ficaria mais fácil de negar o amor
fraterno de Davi por Jônatas, e foi exatamente isso o que o escritor de A
Bíblia sem preconceitos tentou fazer.
Mas e daí?
O que essa versão tem a ver com os ensinos errados do livro em questão? Tem
tudo a ver. A Septuaginta desmascara a falsa ideia de que o amor que
Davi sente por Jônatas é amor de homossexuais. Como você verá a seguir, eu
compararei os textos no Hebraico e no grego, afim de que você possa entender
que o amor que Davi sente por Jônatas, não é de natureza sexual, como se eles
fossem mesmo homossexuais. Por favor leia até o final e depois tire as suas próprias
conclusões.
Exemplo 1.
“mas porque o Senhor vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito” (Dt. 7:8).
Veja este texto em hebraico (deve ser lido da direita
para a esquerda de forma que o término no versículo é marcado pelos dois
pontinhos (:) (Dt. 7:8)
כִּי מֵאַהֲבַת יְהוָה אֶתְכֶם וּמִשָּׁמְרוֹ
אֶת־הַשְּׁבֻעָה אֲשֶׁר נִשְׁבַּע לַאֲבֹתֵיכֶם הוֹצִיא יְהוָה אֶתְכֶם בְּיָד חֲזָקָה
וַיִּפְדְּךָ מִבֵּית עֲבָדִים מִיַּד פַּרְעֹה מֶלֶךְ־מִצְרָיִם׃
As palavras destacadas em cores vermelhas é de onde se traduziu a
expressão O Senhor vos amava na Bíblia em português, isto é, são as
mesmas palavras do texto de 2 Samuel 1:26
Veja o mesmo texto no grego da Septuaginta:
ἀλλὰ παρὰ τὸ ἀγαπα̂ν κύριον ὑμα̂ς καὶ διατηρω̂ν τὸν ὅρκον, ὃν ὤμοσεν
τοι̂ς πατράσιν ὑμω̂ν, ἐξήγαγεν κύριος ὑμα̂ς ἐν χειρὶ κραταιᾳ̂ καὶ ἐν βραχίονι ὑψηλῳ̂
καὶ ἐλυτρώσατο ἐξ οἴκου δ
A palavra destacada em vermelho ("ágapao", o mesmo que "ágape" em grego) é de onde se traduz
em português O
senhor vos amava, em português.
Exemplo 2: “Hirão, rei de Tiro, respondeu por uma
carta que enviou a Salomão, dizendo: Porquanto o Senhor ama ao seu povo, te constituiu rei sobre ele.” (2 Cr. 2:11).
Veja o texto em hebraico:
וַיֹּאמֶר חוּרָם
מֶלֶךְ־צֹר בִּכְתָב וַיִּשְׁלַח אֶל־שְׁלֹמֹה בְּאַהֲבַת יְהוָה אֶת־עַמּוֹ נְתָנְךָ עֲלֵיהֶם מֶלֶךְ׃
Veja este
mesmo texto na Septuaginta:
καὶ εἰ̂πεν Χιραμ βασιλεὺς Τύρου ἐν γραφῃ̂ καὶ ἀπέστειλεν
πρὸς Σαλωμων Ἐν τῳ̂ ἀγαπη̂σαι κύριον τὸν λαὸν αὐτου̂ ἔδωκέν σε (Cr. 2:11).
O texto em
questão (2 Samuel 1:26):
“Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras
amabilíssimo para comigo! Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres.”
(ARA- Almeida revista e atualizada).
Veja o
mesmo texto em hebraico:
צַר־לִי עָלֶיךָ
אָחִי יְהוֹנָתָן נָעַמְתָּ לִּי מְאֹד נִפְלְאַתָה אַהֲבָתְךָ לִי מֵאַהֲבַת נָשִׁים׃
Note que a
palavra hebraica אַהֲבַת (ahãbã = amor) aparece
destacada e ela foi traduzida por “amor” e nas duas vezes tem o mesmo sentido
como se referindo a um tipo de amor que ultrapassa o amor fraterno. Contudo,
como nos outros textos citados como exemplo, ela não se refere a amor com
conotação sexual, não podemos chegar a essa conclusão.
Além disso, basta compararmos
com a Septuaginta e veremos que se trata mesmo de amor
fraterno, vejamos:
ἀλγω̂ ἐπὶ σοί, ἄδελφέ μου Ιωναθαν, ὡραιώθης μοι σφόδρα, ἐθαυμαστώθη
ἡ ἀγάπησίς σου ἐμοὶ ὑπὲ ρ ἀγάπησιν γυναικω̂ν.
Veja que
assim como ocorre nos exemplos 1 e 2, no texto de 2 Samuel 1:26 os termos אַהֲבַת
(ahãbã = amor), ἀγάπησιν possuem os mesmos significados, amor e sem conotação sexual, nos
exemplos mostrados.
O que os
exemplos acima nos mostram? Que Gladstone está errado ao negar que o amor de
Jônatas por Davi não é apenas amor fraterno, mas o mesmo tipo de amor que um homem expressa por uma
mulher.
De que
forma esse erro é demonstrado? Basta analisarmos os textos comparados acima nos
quais as expressões “O Senhor vos amava” aparecem e observamos que a mesma
palavra hebraica utilizada naqueles textos é a que aparece em 2 Samuel 1:26.
No texto
hebraico a palavra é a mesma, o que significa que não se trata de amor entre
homem e mulher, pois se assim fosse, não seria associado com o amor de Deus
pelo seu povo Israel.
O escritor,
se precipita no afã de querer convencer os leitores do seu livro e diz o
seguinte “É importante refutar
a doutrina religiosa homofóbica que insiste em falar que o amor de Jônatas e
Davi era um amor “fileo”, porque somente no idioma grego há a distinção das
três formas de significação da palavra amor e não no hebraico, já que este
último foi exatamente o idioma em que foi narrada a história” “Assim, no grego,
há o amor fileo –amizade; o amor “eros” –amor sexual e o amor “ágape” – a
expressão máxima do amor como doação completa que se refere ao amor de Deus
pela humanidade”
Quando ele
usa a expressão “idioma grego” ele está se referindo ao idioma da Septuaginta,
da qual falamos acima. Ele, não cita o nome da versão (Septuaginta), mas deixa
claro que “prefere” utilizar o texto hebraico, para a sua definição de amor,
principalmente porque quer porque quer transformar Davi e Jônatas em
homossexuais.
Mas esperem
um pouco ai! Quem entende mais de grego e hebraico o escritor do livro a Bíblia
sem preconceitos, ou os 70 mestres judeus, escolhidos a dedo por conhecerem o
grego clássico e o hebraico? A resposta é óbvia demais. E não se trata apenas disso, a Septuaginta merece
mais respeito ainda com uma tradução séria que é, até porque foi utilizada nos tempos
de Jesus, dos apóstolos e nos primeiros anos da igreja cristã! Naquela época a
língua grega se tornou universal e era utilizada livremente no mundo
civilizado.
Será que o escritor de A Bíblia sem
preconceitos alguma vez já traduziu ao menos um livro da Bíblia do hebraico ou
do grego, para o português? Claro que não! Sendo assim ele não pode se achar no
direito de chamar de “doutrina religiosa homofóbica”, quando recorremos a
Septuaginta a fim de mostrar o real significado da palavra “amor”, usada por
Davi.
Se o tipo
de amor que Davi expressa por Jônatas fosse um amor além de um sentimento de
fraternidade não teríamos o termo grego ἀγάπησιν, mas
teríamos Eros ou Erosin. A explicação que encontramos no Dicionário Internacional de
Teologia é a seguinte: “Assim,
ao falar-se do amor entre Jônatas e Davi (2 Samuel 1:26), expressa-se em termos
de uma comunhão mais profunda do que o amor por uma mulher” (P.114- livro 1). Ou seja, eles se
davam tão bem como amigos que o entrosamento deles era mais sincero e devotado
do que o entrosamento que
tinha por uma mulher.
Aliás,
mesmo se o termo usado no texto da Septuaginta fosse “eros”, nem isso
justificaria o argumento que chama Davi de homossexual. Veja o que diz a
Wikipéwdia:
“O érōs de Eros (ἔρως)
significa a palavra grega moderna “ erotas ” com a sua significante de “o amor
(romântico)”. Entretanto, o
Eros não tem que ser de natureza sexual. O
Eros pode ser interpretado como um amor para alguém que você ama mais do que o
amor de Philos da amizade. Pode também aplicar-se a datar relacionamentos bem
como a união. Platão refinada a sua própria definição.
Embora o eros seja sentido inicialmente para uma pessoa, com contemplação
transforma-se numa apreciação da beleza dentro dessa pessoa, ou transforma-se
mesmo a apreciação da beleza própria. Deve-se anotar que Platão não conversa da atração física como
uma parte necessária do amor, daqui o uso da palavra platônico significar, “sem
atração física”. Para Platão o Eros também ajuda ao conhecimento da
recordação da beleza da alma, e contribui para a compreensão da verdade
espiritual. Os amantes e os filósofos todos são inspirados a procurar a verdade
pelo eros. O trabalho antigo o mais famoso sobre o assunto eros é de Platão o Simpósio,
é uma discussão entre os estudantes de Socrates sobre a natureza de eros.”
Para ler
mais a respeito: http://pt.wikipedia.org/wiki/Palavras_gregas_para_o_amor
Contudo, a
palavra que aparece não é “eros” é “àgape”. Uma pessoa que sente o
amor “ágape” por outra pessoa, não pretende ter relações sexuais com ela está
expressando um amor fraterno ou até mesmo paterno. Quando Jesus pergunta a
Simão Pedro “Simão filho de João, amas- me?” por duas vezes é utilizada a
palavra “ágape”, a mesma que Davi usou para dizer que amava a Jônatas. Será que
alguém se atreve a dizer que Jesus de Nazaré era homossexual, por causa disso?
Antes de finalizar, o leitor deve ficar ciente da defesa que o escritor do livro A Bíblia sem preconceitos faz de uma das versões bíblicas católicas:
“Por outro
lado, é bom sabermos que nem tudo está perdido, pois hoje temos algumas
traduções bíblicas, mais fiéis aos textos no idioma original. Em português,
temos a “Bíblia de Jerusalém” que é atualmente a melhor tradução das sagrada
Escrituras no mundo, onde teólogos judeus, cristãos e protestantes traduziram
do hebraico, aramaico e grego para o francês sem intermediações pretensamente
tradutológicas que acarretariam em qualquer distorção. Assim, quando queremos
uma tradução mais fie recorremos à Bíblia de Jerusalém.” (P.50).
Todo esse
elogio à Bíblia de Jerusalém está no capítulo 10 do livro, mas não creio que
ele dissesse tudo isso se tivesse lido como ela traduz o texto de 2 Samuel
1:26: “tenho o coração
apertado por tua causa, meu irmão Jônatas. Tu me
eras imensamente querido, a tua amizade me era mais
cara do que o amor das mulheres.”
Nem é
preciso recorrer às versões protestantes ou até mesmo às comparações feitas
entre o texto hebraico e grego para perceber que, no próprio texto, Davi, ao
chamar Jônatas de irmão, já antecipa dizendo que tipo de apreciação nutria por
seu amigo, considerando-o como um irmão e não como um parceiro com conotação
sexual.
Não, Davi
não pode ser taxado de homossexual como pretende o livro A Bíblia sem preconceitos, com base
no texto de 2 Samuel 2:26, sobretudo porque a lei do AT era super respeitada
por eles, e Davi sabia muito bem disso, pois está escrito na Toráh: “Não te deitarás como homem como se
fosse mulher. É uma abominação.” (Lv 18:22- Bíblia de Jerusalém).
Davi apenas era amigo de Jonatas, amava-o com a própria alma. Mas amar com a própria alma não é o mesmo que se relacionar sexualmente? Claro que não! Nunca foi!
Preste bem atenção nos textos abaixo e veja, que o próprio Deus fala sobre esse tipo de amizade. Como o próprio Deus que proibiu tal tipo de relacionamento, aprová-lo? Veja os textos abaixo e tire as suas conslusões.
“Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. Saul, naquele dia, o tomou e não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai. Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma.” (1 Samuel 18.1-3)
Veja o que Deus diz:
"Quando te incitar teu irmão, filho da tua mãe, ou teu filho, ou tua filha, ou a mulher do teu seio, ou teu amigo, que te é como a tua alma, dizendo-te em segredo: Vamos, e sirvamos a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais;"
Percebeu? Amar alguém com a alma não é ter relação sexual com ela.
Tenho plena certeza que o que foi dito até aqui é suficiente para que o leitor honesto considere e se necessário reconsidere os seus conceitos sobre o que foi dito pelo escritor da Bíblia sem preconceitos sobre Jônatas e Davi. Mas eu não posso encerrar esta parte do assunto sem algumas considerações a mais.
Tenho plena certeza que o que foi dito até aqui é suficiente para que o leitor honesto considere e se necessário reconsidere os seus conceitos sobre o que foi dito pelo escritor da Bíblia sem preconceitos sobre Jônatas e Davi. Mas eu não posso encerrar esta parte do assunto sem algumas considerações a mais.
Fico
imaginando como poderia Davi ser gay, sendo que Deus o repreendeu por ter se
apossado da mulher de um dos seus melhores soldados, Urias; ou seja, por ter
praticado o adultério sexual o que é claramente condenado em sua lei, porque
ele não puniria a Davi se ele tivesse praticado a homossexualidade com Jônatas,
já que isso também é uma prática condenada na mesma lei de Deus?
Preste
atenção nas próprias palavras e Davi. Saul queria que ele se casasse com
Merabe, uma de suas filhas (1 Samuel 18:17), mas Davi era tão humilde de
coração e respeitava tanto a Saul como alguém ungido e escolhido por Deus (1
Samuel 18:23) que disse: “Quem sou eu, e qual é a
mina vida e a família de meu pai em Israel, para vir a ser eu genro do rei?” (1 Samuel 18:18). Davi precisaria ser muito fingido, grande
mentiroso e pervertido para dizer o que disse a Saul, pai de Jônatas e ainda
assim ficar se encontrando as escondidas para ter um caso de amor com Jônatas.
Além disso, se na pior da hipóteses Davi e Jônatas fossem amantes, parceiros
sexuais, compromissados um com o outro, Davi seria uma espécie de genro de
Saul, não teria razão para ele dizer aquelas palavras. Contudo, se
Davi respeitava a um homem que Deus escolhera recusando-se casar com uma das
suas filhas, não teria ele mais respeito ainda pelo próprio Deus,
que proíbe a prática da homossexualidade?
Preste
atenção nas palavras de Jônatas “Quanto àquilo
que eu e tu falamos, eis que SENHOR
está entre mim e ti para sempre” (20:13). “Vai-te em paz, porquanto juramos ambos em nome do SENHOR, dizendo: O
SENHOR seja para sempre entre mim e ti, e entre a
minha descendência e a tua. Seria preciso ter uma consciência muito cauterizada, ser muito
insolente para dois homossexuais fazerem um pacto entre si invocando o nome do
SENHOR, o mesmo SENHOR que disse: “Como homem
não te deitarás como se fosse mulher: é abominação“ (Êxodo 18:29). Davi sabia muito bem disso! Ele conhecia o Deus a
quem servia!
Lembre-se
de que ele mesmo escreveu, inspirado pelo Espírito Santo, muitos salmos. Como
pode alguém que foi inspirado pelo próprio Deus a dizer “Bem aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se
detém no caminho dos pecadores,nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes
tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite” (salmo 1:1), violar esta mesma lei a respeito da qual foi
inspirado a escrever, sendo um homossexual, sendo que essa mesma
lei proíbe isso? Muita gente não sabe mas a palavra “lei”
que aparece no salmo 1, bem como em toda a Bíblia, refere-se aos
primeiros cinco livros da Bíblia, também conhecidos como “pentateuco”. E é lá
no pentateuco que está a proibição da prática da homossexualidade, como já vimos.
Davi teria que ser muito pervertido e insolente para violar a lei de Deus.
Por outro
lado, Deus seria no mínimo incoerente, se fizesse vista grossa a uma prática
que ele mesmo condenou. Deus puniu a Davi por ter contado as pessoas, como quem
confiasse apenas na quantidade e não em Deus. Deus puniu a Davi por ter
cometido adultério o que é, também, condenado pela sua lei (êxodo 18:20), a
mesma lei que proíbe a prática do homossexualismo ( êxodo 18:22).
Certamente ele puniria a Davi se este fosse homossexual.
Meus comentários sobre as palavras de Fábio na apresentação do livro:
1. "MESMO CRIADO NO EVANGELHO desde criança, foi depois de conhecer o pastor Marcos Gladstone que compreendi o significado do livre acesso para adorar a Deus como realmente sou e a revelação do Senhor Jesus em suas palavras: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8:32- P. 7 do livro BSP).
Até onde sabemos quem esclarece a revelação de Deus ao homem é o Espírito Santo. É claro que Deus usa outros instrumentos, para nos ensinar, mas eu não acredito que ele fosse demorar tanto para trazer esta verdade a tona por meio de Marcos. Muitas pessoas podem se deixar enganar, simplesmente por serem dominadas pelo sentimento, pelo princípio do prazer.
2. "na minha experiência, a falta de conhecimento do que contém este livro (...) me fez viver por muitos anos escondido. menti para mim mesmo, sofri pelo autoengano, vivi de aparências no sentido de tentar ser aceito no meio dos irmãos e amigos de fé".
Então, em meio a uma gama enorme de reconhecidos e respeitados estudiosos (héteros) que consideramos instrumentos de Deus para nos ajudar a compreender a vontade de Deus contida em sua Palavra, só Marcos Gladstone foi suficientemente capaz de fazer isso; ele foi especialmente iluminado para suprir a "falta de conhecimento" de Fábio.
3. "Por muitos séculos vivemos no que poderíamos chamar de uma certa cegueira espiritual, na direção do medo, tapados pela mordaça da culpa, engessados por preconceitos religiosos."
O que Fábio considera como cegueira espiritual aqui refere-se a fato de se condenar a prática homossexual, como consta na Bíblia. Então, na opinião de Fábio, por muitos séculos, Deus não foi capaz de fazer os estudiosos da Bíblia que viveram antes de Marcos, entenderem e ensinarem que a Bíblia condena a prática do homossexualidade. Será que Deus é mesmo sábio? Será que ele sabe mesmo o que faz? Onde está o seu poder e capacidade para fazer tudo? Onde está o seu amor? Infelizmente, não há como não colocar em xeque o caráter de Deus, se pensarmos por este ângulo, como faz Fábio, a menos que nos tornemos céticos.
4. "Este é um livro que revelará o amor incondicional de um Deus inclusivo, diferente do "deus" preconceituoso que nos foi apresentado de forma errônea, e discriminatória.
Deus inclusivo, na opinião de Fábio é um Deus que não condena um homem que se deita com outro homem como se fosse mulher, ou uma mulher que se deita com outra mulher como se fosse homem, como consta na Bíblia Sagrada (veja os textos no início deste tópico). Um Deus que não permite que quem pratique a homossexualidade, participe do seu prometido reino. Para Fábio este Deus é um "deus", isto é, não é o verdadeiro Deus, porque quem usa a palavra "deus" com "d" minúsculo está dizendo isso, em outras palavras.
5. "É lamentável ver tantas vidas que andam perdidas, sem rumo, aflitas e sofrendo. Pessoas que lutam contra um sentimento que sempre que sempre as acompanhou, sentimento que simplesmente a sua identidade e parte imutável de si mesmo. Sem direção tantos de nós foram a muitos lugares buscar respostas e só encontraram acusação e incompreensão."
Gostaria de saber quem ensinou ao Fábio que a vida cristã é um mar de rosas. Não é mesmo! Enfrentamos dificuldades em muitas circunstâncias da vida,seja em nossa relação com Deus, com nós mesmos ou com o nosso próximo. A vida é assim e não fomos nós que criamos as regras, elas nos foram dadas pelo Criador. Quando um cristão se posiciona contra a prática do homossexualismo não o faz com base em suas convicções, mas com base no que está escrito.
Sendo assim, cabe a quem discorda justificar-se. Seria interessante refletir sobre o que diz o seguinte texto: Isaías 10:15 Mas será que o machado pensa que é mais importante do que o homem que o usa? Ou será que a serra imagina que vale mais do que a pessoa que serra com ela? Será que um bastão, um simples pedaço de madeira, é capaz de levantar um homem?
Nos dizeres de Fábio, quem é gay e está na igreja por amor a Deus e em respeito a sua vontade, lutando contra os impulsos do pecado, está sem direção. Se saíram em busca de respostas é porque não consideram as que já têm. Se um cristão abre a Bíblia e lê os textos onde a prática homossexual é condenada, tal cristão não serve, pois não fala o que as pessoas como Fábio querem ouvir.
O que Deus estabelece só mesmo ele pode desfazer. Se ele disser que não tem problema, então não tem. Mas se ele disser que não se pode fazer algo, então é mais inteligente aceitarmos tal determinação e não tentar discutir com ele. Na prática da vida cristã não existe trégua entre o que Deus aprova e o que Deus desaprova, pelo contrário, existe sim uma constante demanda, uma inconformidade, uma guerra que ocorre no interior de cada cristão para que "os desejos da carne não prevaleçam". Sugiro a quem possa interessar a leitura dos livros"O adversário" de Marc L. Bubeck, ou o livro "O mundo a carne o o diabo" de Russel Shedd. Claro que o livro não trata especificamente sobre homossexualidade, antes, fala de forma geral sobre as facetas do adversário que investe contra o cristão, mas pode ajudar a identificar e entender melhor como lidar com isso.
6. "Por esta razão, muitas pessoas desistiram, pararam no meio do caminho e viraram as costas, justamente para Quem sempre as amou na sua totalidade."
Na verdade desistiram porque pararam de lutar, pararam de insistir, em vez negarem a si mesmas, seus impulsos e ai sim "viraram as costas" para "Quem" sempre as amou. Fábio culpa os cristãos chamando-os de "fariseus religiosos" que usam o nome de Deus para excluir e discriminar.